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A Sociedade Brasileira de Dengue e Arbovirose está aconselhando as mulheres a evitarem a gravidez no país até que existam informações detalhadas sobre a extensão e problemas decorrentes do zika vírus nos fetos. A doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti tem relação direta com o aumento de casos de microcefalia no país em 2015 –foram registrados 1.761 casos até a última terça-feira (8).

Segundo o presidente da sociedade, Artur Timerman, um esclarecimento com o “conselho” às gestantes será divulgado na próxima semana, após encontro já marcado dos integrantes do órgão.

“Na próxima semana vamos colocar como um conselho da nossa sociedade que se evite a gravidez pelo menos até que tenhamos um dimensionamento real da extensão do problema –que nós, com todo embasamento científico, pressupomos ser da maior gravidade”, explicou.

A afirmação do presidente contraria indicação já feita pelo Ministério da Saúde, que diz que gestação não está contraindicada e que a decisão de gravidez é da família. Procurada pelo UOL, a assessoria do ministério disse que poderá emitir novo posicionamento após a publicação de nota da sociedade.

Grávidas devem se prevenir contra zika

O ministério diz ainda que as grávidas devem tomar medidas que reduzam a presença de mosquitos, como a retirada de recipientes que tenham água parada e cobrir locais de armazenamento de água. Orienta também que devem manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes indicados para gestantes.

Segundo Artur Timerman, a orientação seria uma das ações mais importante das autoridades neste momento.

Além de aconselhar as mulheres, Timerman diz que a Sociedade vai cobrar do ministério um alerta dos riscos da gestação com a circulação do zika vírus no país. “Sem dúvida! Tenho certeza que sim [seria importante]”, afirmou.

Críticas a São Paulo

Timerman criticou duramente o Estado de São Paulo por não notificar casos de microcefalia ao Ministério da Saúde. Para ele, trata-se de uma política “irresponsável” e que leva a orientações equivocadas à população, já que o zika vírus está circulando no Estado.

“O secretário [David Uip] vem e diz que a mulher de São Paulo pode engravidar e desaconselha a viajar para o Nordeste, ele não tem um pingo de evidência científica”, reclamou.

Procurada, a Secretaria de Saúde de São Paulo informou que, “no momento, não há nenhuma orientação por parte da Secretaria para que as mulheres paulistas evitem a gravidez.”

Sobre a notificação de má-formação cerebral em bebês, a pasta afirma que “sempre seguiu as portarias federais de vigilância epidemiológica e controle de doenças” e que vai seguir a regra nacional imposta pelo ministério. “Microcefalia não é de notificação compulsória no Brasil. Somente no último dia 8 de dezembro o Ministério da Saúde editou protocolo recomendando a notificação de casos de microcefalia que possam estar relacionados a zika vírus, o que será feito por esta Secretaria.”

A secretaria informou que até o momento foram registrados 54 casos de microcefalia no Estado, mas que “não há nenhuma evidência de que o vírus esteja circulando em São Paulo.”

O Ministério da Saúde, porém, não só afirma que o vírus circula em São Paulo como diz que o Estado seria o que mais tem casos estimados em 2015: pelo menos 254 mil, segundo protocolo oficial divulgado na última terça-feira (8).

Fonte: Portal Uol