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Maria Carolina Moreno, superintendente da ONA: acreditação melhora o atendimento do paciente e também valoriza a marca do hospital
Maria Carolina Moreno, superintendente da ONA: acreditação melhora o atendimento do paciente e também valoriza a marca do hospital

Ainda não há um selo de qualidade que garanta saúde aos cidadãos. Mas há muitos hospitais investindo dinheiro e esforço para oferecer a seus pacientes um selo que certifique a melhor qualidade no atendimento. São iniciativas que proliferam nos países desenvolvidos e trazem ganhos para os dois lados: os pacientes se beneficiam com a melhor assistência e os hospitais valorizam sua marca.

Por causa dos custos, das exigências e da pouca tradição no país, o número de instituições acreditadas no Brasil é pequeno e cresce lentamente: do total de mais de 6 mil hospitais do país, apenas 263 são acreditados. Desses, 255 têm o selo da Organização de Acreditação Nacional (ONA), a única acreditadora do país. Menos de dez instituições têm acreditações internacionais e cada uma pode solicitar quantos selos desejar.

O processo de acreditação é voluntário, complexo e tem custos altos. Além das inspeções feitas por especialistas dos órgãos acreditadores, o hospital deve arcar com as melhorias, de obras a equipamentos, até a capacitação e treinamento dos profissionais. “Os custos do acompanhamento variam conforme a metodologia e a acreditadora”, diz Maria Carolina Moreno, superintendente da ONA.

A acreditação de um hospital de 200 leitos hoje no Brasil, feita pela ONA, custa em média R$ 20 mil. Incluindos os gastos com viagem e hospedagem dos avaliadores, o total sobe para R$ 60 mil. “Já os processos internacionais podem custar quatro vezes ou mais para um hospital do mesmo porte”, calcula.

As instituições levam dois anos preparando-se para o processo de acreditação e a cada oito meses são submetidas a visitas de manutenção. Desde 2009, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, tem a certificação da Joint Comission Internacional (JCI), a mais importante na área da saúde. “Temos indicadores melhores quando implementamos a metodologia de gerenciamento desses protocolos”, diz Fernando Colombari, gerente de qualidade do hospital.

O retorno não tem preço. Com a implementação da certificação, a taxa de mortalidade provocada por septicemia caiu de 40% para algo em torno de 15% a 20%. “Temos um protocolo de atendimento ao paciente com Acidente Vascular Cerebral (AVC), que registraram melhores indicadores após a implementação do processo de gerenciamento através de diretrizes clínicas”, afirma.

O processo certificado também reduziu o risco na emergência. “Hoje é possível ter maior precisão no momento do atendimento do paciente”, diz Colombari. O hospital tem ainda a certificação internacional da Surgical Review Corporation (SRC), concedida em 2009 a seu Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica. “Somos o primeiro hospital privado da América Latina a receber a certificação alemã da Telemedicine for the Mobile Society (Temos)”, informa.

O Hospital Sírio-Libanês de São Paulo tem hoje sete acreditações de qualidade diferentes, a maioria delas internacionais. A primeira foi a da JIC. Entre as que vieram depois está a HIMSS, entidade americana sem fins lucrativos que promove o uso da tecnologia da informação (TI) para melhorar o atendimento na área de saúde. “Somos o único hospital no Brasil que é nível seis em uma escala de sete”, afirma Paulo Chapchap, CEO do hospital.

“Temos a Commission on Accreditation of Rehabilitation Facilities (Carf), que reconhece a qualidade dos programas de reabilitação oferecidos por diferentes instituições, e Qmentum International – acreditação canadense que monitora padrões de desempenho nas áreas de qualidade e segurança definidos mundialmente para instituições de saúde no nível mais elevado, o diamante”, explica Chapchap.

A fragilidade dos pacientes aumenta os riscos de acidente nos hospitais, comprometendo seu estado e recuperação. “É importante definir qual é o perfil de risco do paciente, saber quais são as melhores práticas e evitar que seja exposto a riscos, uma vez que já está fragilizado pela doença”, exemplifica o executivo.

Do seu ponto de vista, por mais que se tenha padrões implantados em hospitais de excelência é preciso garantir que cada um dos colaboradores entenda a importância desses padrões, que pratique e adapte às necessidades do paciente, que são únicas. “O retorno no investimento de uma acreditação está na qualidade e na segurança do paciente, e pode ser mensurado pelos nossos resultados clínicos, que superam aos padrões internacionais”, diz Chapchap.

Fonte: Valor Econômico