A alta nos preços de inúmeros produtos e serviços têm afetado diretamente os cidadãos. Reajustes em alimentos, medicamentos e também nos combustíveis são frequentes e impactam, principalmente no bolso. Isso também acontece com a contratação dos planos de saúde. E no intuito de cortar gastos, muitas pessoas optam por cancelar esse tipo de serviço.
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em fevereiro do ano passado, mais de 8,8 milhões de brasileiros aderiram ao planos de saúde de forma individual ou familiar. No mesmo período deste ano, o quantitativo registrou uma queda na adesão do serviço. Cerca de 8,7 milhões eram beneficiados. Ou seja, 98.946 brasileiros deixaram de fazer uso do plano de saúde.
Em contrapartida com a queda registrada nacionalmente, em fevereiro de 2023 no estado da Bahia cerca de 1.662.891 pessoas tinham plano de saúde. Já este ano o total era de 1.687.675. Apesar do número de adesões aos planos terem crescido no estado, ainda existe muita gente cancelando o serviço, tendo como principal motivo o alto valor.
É comum que pessoas mais velhas contratem planos de saúde, afinal cada dia mais está complicado depender do sistema público de saúde. Muitos são os relatos de demora na fila de espera para realizar algum procedimento por meio do SUS. Diante disso, muitos migram para a rede privada de saúde. Contudo, o alto custo tem feito muita gente repensar, até mesmo os mais jovens, que estão trilhando por esses caminhos por agora.
Cansada de ficar na fila de espera por mais de 6 meses por uma regulação, a jornalista Manuela Menezes (22), decidiu pagar um plano de assistência médica, entretanto a decisão pesou bastante no bolso. Ela confessa que sempre faz as contas para ver se compensa continuar com o plano de saúde. Atualmente Manuela precisa desembolsar R$400, mas já está procurando outras alternativas mais acessíveis.
“Nesses meus 22 anos de vida, sempre fui atendida pelo Sistema Único de Saúde, mas já estava há mais de 6 meses na fila de espera na regulação de Lauro de Freitas para fazer exames básicos, como os ginecológicos de rotina. Estava cansada dessa situação, analisei as condições e fiz o plano. Mas acontece que pesa muito no bolso, estou tendo que buscar vias para conseguir fazer uma renda extra para lidar com esse rombo no bolso”, enfatizou a jovem.
Insatisfação com serviço oferecido, custo elevado, desemprego, mudança nas necessidades de saúde, mudança de situação financeira ou de localidade são alguns dos fatores que contribuem para que os consumidores façam o cancelamento dos planos de saúde.
Se por um lado, quando os clientes cancelam o plano de assistência médica privada dá um alívio no bolso, por outro diversas áreas da vida são afetadas. Quem planeja cancelar o serviço deve estar ciente dos prejuízos que pode ter, a exemplo do aumento dos custos com a saúde, pois sem um plano de saúde, o consumidor pode ter gastos mais altos com tratamentos e consultas médicas, que antes eram cobertos pelo plano. Além disso, eles também podem ter dificuldade para encontrar novos planos médicos.
A agente bancária Tamires Santana (26) conta que optou por contratar um plano de saúde por não precisar esperar tanto para um atendimento médico. Porém, com o tempo os problemas surgiram. “Os valores e a queda de qualidade no atendimento nos últimos meses. Os atendimentos começaram a ser mais demorados, e os médicos já não me passavam mais segurança nos atendimentos, pois raramente eram solucionados”, afirmou.
Além dos contratantes, as empresas que oferecem os serviços também são afetadas com a suspensão ou cancelamento dos planos de assistência médica privada. Diante disso, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) ressalta que com o objetivo de manter a qualidade dos serviços prestados, as operadoras avaliam continuamente cada um dos seus produtos comercializados em conformidade com as regras da ANS.
Fonte: https://www.trbn.com.br/materia/I104675/quase-100-mil-brasileiros-deixam-de-usar-plano-de-saude
Tribuna da Bahia, Salvador 17/04/2024 08:00
Por Quézia Silva