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Bases de dados completas e algoritmos customizados fazem dos aplicativos para aparelhos móveis importantes aliados para diagnóstico e acompanhamento de doenças. Eles podem apenas alertar sobre o horário certo de tomar remédios, mas também são capazes de elaborar relatórios para médicos que acompanham pessoas com doenças crônicas ou monitorar visitas a pacientes domiciliares. Plataformas voltadas para saúde já somam 165 mil aplicativos disponíveis para download em celulares no mundo, de acordo com o mais recente levantamento do Institute for Healthcare Informatics.

O segmento B2B é uma das opções para quem investe em tecnologia da informação no setor de saúde. A startup paulista Vital Apps, por exemplo, fornece para a empresa de acompanhamento domiciliar Viver Bem um aplicativo que monitora os atendimentos feitos em parceria com o Grupo Santa Helena. A solução, usada em aproximadamente 2500 visitas mensais, permite monitorar a duração de cada uma (confirmada por geolocalização), além da coleta de dados e assinatura dos pacientes. “A empresa gestora pode verificar se o tempo de permanência do profissional é coerente com a atividade realizada”, explica Adriano Silvestre, sócio da Vital Apps. “Isso traz efetividade e, por consequência, ganhos financeiros.”

A Vital Apps trabalha agora em uma ferramenta para tornar mais eficiente a liberação de leitos hospitalares. “Nosso diferencial é a capacidade de adaptar o produto para cada cliente e realizar ajustes durante o uso”, diz José Augusto Vilhena, sócio da empresa. Com essas duas plataformas, a Vital Apps, que tem três anos de mercado, pretende fechar 20 contratos até o final de 2017.

Organização e transmissão imediata de dados também fundamentam as soluções da plataforma I Care, da gaúcha i9access, criada para permitir que especialistas de diversas áreas da saúde atendam quem, a princípio, só teria acesso ao diagnóstico de um clínico geral. “No caso de cardíacos, por exemplo, nosso software permite o envio de eletrocardiogramas de uma clínica pequena para um centro de referência, sem que o paciente precise se deslocar”, explica Alexandro Bordignon, um dos quatro sócios da companhia. “Na maioria das vezes, trata-se de um falso alerta e evitamos uma viagem custosa e desnecessária”. Nessa situação, o cardiologista recebe os exames no celular ou tablet e pode enviar seu laudo ou conversar com o paciente por videoconferência.

A empresa de telessaúde atende clínicas em regiões periféricas, bem como hospitais públicos e privados, seguradoras e empresas de homecare. Atuante desde 2010, a i9access oferece também soluções de transmissão de cirurgias (com foco em treinamento e colaboração) e possui um aplicativo gratuito para monitoramento de doenças crônicas. A companhia está em diversos Estados brasileiros e fatura R$ 1 milhão anualmente.

Esse mercado também possui plataformas que têm o próprio paciente como usuário final, em geral focadas em doenças que demandam acompanhamento contínuo. Resultado de uma parceria entre a Pfizer e a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o FIQr (Questionário de Impacto da Fibromialgia, na sigla em inglês), é um deles e traz 21 perguntas para medir o impacto da dor na rotina dos portadores da síndrome. “Como o quadro da fibromialgia é constituído por sintomas subjetivos de difícil mensuração, sua avaliação pelo médico e pelo paciente também é subjetiva”, explica Roberto Heymann, reumatologista membro da SBR e um dos responsáveis pelo aplicativo. “O FIQr, como ferramenta de avaliação constante, torna o laudo médico mais objetivo.”

Já o aplicativo GlicOnline, cujo algoritmo calcula a quantidade de insulina que deve ser administrada por diabéticos, entre outras funções, deve elevar sua base de usuários em oito vezes até o final de 2016. Atualmente, a plataforma tem 20 mil downloads e possui oito mil usuários ativos, que inserem diariamente medições de glicemia em sua base de  de dados. “O propósito é democratizar o acesso ao tratamento do diabetes através de tecnologia”, conta Cláudia Labate, CEO da GlicOnline.

“Sem o app teríamos que fazer todas as contas na calculadora”, conta Adriano Fontana, químico, que usa o aplicativo há dois anos para cuidar do filho.

A empresa recebeu aporte em 2014 da GAG Investimentos, grupo voltado para negócios sociais, vende big data para a indústria farmacêutica e faz parcerias com organizações de saúde, com a intenção de manter o aplicativo gratuito.

Fonte: Valor Econômico