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Os hackers estão de olho nas pequenas e médias empresas. Quem afirma é Monica Hamilton, diretora global para marketing e produtos da McAfee, de soluções para segurança da informação. “Os invasores de sistemas sabem que as grandes companhias já gastam milhões com proteção, enquanto as firmas de menor porte têm pouco orçamento para isso e estão mais vulneráveis a ataques”, disse a especialista, durante evento organizado pela McAfee, em Las Vegas, que reuniu três mil pessoas de 60 países. A fabricante acredita que 20% dos ataques cibernéticos são direcionados a organizações com menos de 250 funcionários.

O desafio da fornecedora de sistemas é tentar convencer os pequenos empresários que a segurança de TI deve ser encarada como prioridade. Para isso, conseguiu diminuir os valores dos seus softwares em 25%, em um ano, e lançou três produtos com foco em proteção de e-mails, cloud computing e redes de computadores, para firmas de até 215 funcionários. “Com o aumento da escala das soluções, o valor de venda caiu”, diz a executiva.

Nos Estados Unidos, para abocanhar parte da fatia do mercado de segurança para as pequenas companhias, avaliado em mais de US$ 5 bilhões, a McAfee organiza apresentações para câmaras de comércio, associações de varejistas e de profissionais da saúde. No Brasil, a estratégia ganha força com a criação de um site que explica a utilização das ferramentas de proteção. Para conquistar mais contratos entre empresas de orçamento reduzido, oferece downloads de software para avaliação gratuita por 30 dias e pagamento mensal na contratação de pacotes. Nas vendas on-line no país, há ofertas a partir de R$ 34, ao ano.

O crescimento da preocupação com os invasores de sistemas também deve movimentar os leads de negócios do mercado de proteção de TI. Um levantamento da Dell SonicWall Brasil, da área de segurança, feito com 1,1 mil empresas de oito países da América Latina e Central, revelou que metade das 685 companhias brasileiras ouvidas planeja investir até R$ 110 mil em proteção, ainda em 2013. Mais de 37% das entrevistadas no país tinham de um a 250 funcionários e 98,8% delas contam com firewalls para se proteger de ataques. Já o mercado de equipamentos para segurança de redes empresariais deve crescer 7% ao ano, nos próximos cinco anos, atingindo US$ 11,4 bilhões em 2017, em todo o mundo, segundo o instituto de pesquisa Gartner.

No dia a dia dos negócios, os alertas da McAfee para as PMEs incluem o uso correto de pen drives, impressoras e redes sociais. De acordo com a empresa, os discos rígidos portáteis podem disseminar vírus e servir de “transporte” para o vazamento e roubo de dados. A recomendação é usá-los com recursos de criptografia. Esse tipo de blindagem também pode ser aplicado em smartphones e notebooks que circulam com funcionários fora dos escritórios. Uma solução de controle de senhas pode apagar informações em caso de perda e roubo ou bloquear o acesso às pastas de arquivos quando um profissional sai da empresa. “Nos Estados Unidos, mais de 12 mil portáteis são perdidos, por semana, somente em aeroportos”, diz Monica. “A perda média, por aparelho, e dos dados contidos nele, chega a quase US$ 50 mil”.

Nas impressoras, deve-se apagar, pelo menos uma vez por semana, o conteúdo de todo o material escaneado armazenado nas máquinas. Ao inserir a empresa nas redes sociais, também é preciso reduzir as brechas de segurança. A orientação é trocar as senhas das páginas a cada três meses.

Segundo o especialista Otto Airamo, da finlandesa Stonesoft, de segurança de redes, há um procedimento quase padrão dos invasores que pretendem roubar dados corporativos. Depois de escolherem um alvo, eles descobrem que tipo de sistema operacional as organizações usam, vasculham o site institucional do empreendimento e as páginas pessoais dos sócios. “Até aí, nada disso é crime”, diz. “Mas, depois, passam a explorar os programas de proteção existentes, com várias tentativas de invasão, para encontrar vulnerabilidades”.

O jornalista viajou a convite da McAfee.

Fonte: Valor Econômico