As operadoras de planos de saúde estão pleiteando à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aumento nos prazos máximos para atendimento médico e redução no valor das multas aplicadas aos convênios. “Quando um usuário não consegue agendar a consulta médica em uma semana, a operadora é multada em R$ 80 mil. Se forem dez queixas, a multa sobe para R$ 800 mil e, assim, sucessivamente”, disse Pedro Ramos, diretor da Abramge, associação das operadoras de planos de saúde, durante evento organizado pela entidade ontem em São Paulo.
Segundo Ramos, as multas se multiplicam facilmente em determinados casos como nas regiões do país que carecem de médicos especialistas ou no agendamento de consultas com pediatras no período do inverno, quando a demanda aumenta. O diretor da Abramge defende uma flexibilização nesses casos e também para autorização de órteses e próteses, cujo prazo é de 21 dias corridos. Ontem, em Brasília, a Polícia Civil cumpriu mais de 10 mandatos de prisão de envolvidos em denúncias de uso irregular desses materiais médicos.
Questionado se existe a possibilidade de atender à demanda das operadoras quanto à flexibilização das multas e dos prazos de atendimento, o presidente da ANS, José Carlos Abrahão, informou que tais medidas estão no marco regulatório, ou seja, estão na lei e não devem mudar. “Esses valores e prazos foram dosados, calculados e negociados com o setor. Esse é um tipo de discussão que não está na pauta”, afirmou o presidente da ANS.
Ainda durante o evento da Abramge, o fundador da Amil e presidente da UnitedHealthcare Brazil, Edson Bueno, não poupou críticas à atuação da ANS e destacou que o papel da agência reguladora está muito focado em aplicar multas. Bueno criticou duramente uma medida, que ainda está em análise, em que o valor da multa seria calculado de acordo com o porte da operadora. “Não é possível dar tudo para todos e a operadora não pode ser responsabilizada por tudo”, reclamou. Ele destacou ainda que se o setor continuar nesse compasso de gastos e custos haverá uma quebradeira em efeito de dominó, envolvendo não apenas os planos de saúde e também hospitais, clínicas e laboratórios.
Bueno disse abertamente que a Amil registra resultado negativo há quatro anos, mas que ainda assim a UnitedHealthcare continua apostando na operadora adquirida em 2012 pelo grupo americano de saúde. “A United acredita no nosso país, o investimento dos americanos não é olhando um ano, e sim uma década”, afirmou Bueno, destacando que o mercado brasileiro de saúde é o segundo maior, atrás apenas dos EUA.
Fonte: Valor Econômico