RIO – Médicos em todo o país devem, a partir de agora, pedir a seus pacientes para fazer exames de detecção de HIV, sífilis e hepatites B e C. A orientação do Conselho Federal de Medicina, divulgada nesta terça-feira, tem por objetivo ampliar e acelerar o diagnóstico de doenças infectocontagiosas no Brasil.
Aprovada pelo plenário do conselho, a Recomendação nº 2/2016 exalta a importância de se discutir as infecções sexualmente transmissíveis durante as consultas. Hoje, o assunto ainda é considerado tabu. A orientação, assim, abre caminho para uma conversa sobre o tema entre médico e paciente. O profissional de saúde deve, a partir de agora, aconselhar todos os pacientes a fazer os exames.
“A recomendação é um instrumento normativo. Está entre a resolução, que tem força compulsória, e o parecer, que é uma norma reguladora. É como se fosse um parecer de maior relevância, ao qual os médicos devem prestar especial atenção e de grande Importância social”, explicou o presidente do CFM, Carlos Vital, durante uma entrevista a imprensa nesta terça, em Brasília.
De acordo com o CFM, cerca de 25% dos casos de HIV no país são diagnosticados quando o paciente já apresenta baixa contagem de linfócitos, o que significa que a doença causou um estágio avançado de imunossupressão. A expectativa do conselho é que, com a medida, mais pessoas sejam diagnosticadas antes disso.
O professor titular de infectologia e bioética da Universidade Federal de Minas Gerais, Dirceu Greco, destacou que, em nenhuma circunstância, a realização do exame será compulsória. Segundo ele, quando alguma dessas infecções for detectada, deverá ser feita notificação à Secretaria Estadual de saúde, respeitando e garantindo sempre a privacidade, o sigilo e a confidencialidade do paciente.
“É preciso avaliar o histórico pessoal do paciente. Vale ressaltar que não há mais grupo de risco ou comportamento de risco para nenhuma dessas patologias. Há situação de risco, como sexo desprotegido com um parceiro desconvencido”, explicou.
No caso da sífilis, gestantes e crianças são as únicas populações nas quais a doença deve ser compulsoriamente notificada no Brasil. Não há, segundo o CFM, números confiáveis sobre infecções por sífilis em todo o país. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que existem no mundo 12 milhões de pessoas com sífilis adquirida, sendo que o acréscimo anual é de 714 mil novos casos.
Fonte: O Globo