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Os executivos brasileiros são os mais conservadores em relação à carreira na comparação com as outras principais economias da
América Latina. De acordo com levantamento do PageGroup, a maior parte deles prevê continuar na mesma empresa e cargo ao
longo de 2015. Em um ano desafiador para as organizações que atuam na região, a expectativa é que o foco dos investimentos seja
ganho de produtividade.

O levantamento da consultoria teve a participação de 1.773 executivos do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia
e México, consultados entre janeiro e fevereiro. Cerca de 40% atuam em empresas com faturamento superior a US$ 1
bilhão.

Embora seja o mais alto entre os países pesquisados, o número de executivos que pretendem se manter na mesma empresa
e cargo neste ano (41%) é menor do que o registrado no ano passado (48%). Em 2013, quando o cenário econômico era mais
otimista, apenas 30% tinham a perspectiva de continuar trabalhando no mesmo lugar. Agora, 12% têm perspectiva de
movimentações internas, e 10% querem investir na qualificação acadêmica. Cerca de 20% pretendem buscar novas oportunidades
em um setor diferente, enquanto 17% devem fazer o mesmo no segmento onde já atuam.

Para o diretor executivo do PageGroup para a América Latina, África e Oriente Médio, Patrick Hollard, tanto os gestores quanto as empresas devem seguir a tendência já vista no ano passado de evitar riscos. Ainda assim, ele vê mais pessimismo atualmente, em especial no Brasil. “Sem segurança no ambiente econômico, a perspectiva é mais conservadora e negativa no curto prazo”, diz.

Em conversas com líderes da região, contudo, Hollard percebe que no longo prazo a tendência é de melhora. “Apesar de tudo, não dá para deixar o Brasil de fora na hora de investir na região”. Na visão dos brasileiros entrevistados, há equilíbrio nesse sentido – 32% preveem que 2015 seja palco de menos investimentos do que no ano anterior, enquanto 30% esperam um volume maior e 38% projetam valores semelhantes.

O aumento da produtividade será prioridade nos investimentos de empresas no Brasil. Aqui, 37% das companhias devem focar ações
com esse fim, número mais próximo do encontrado na Argentina (35%) e Chile (34%). Já na Colômbia e México, o foco será na
expansão da capacidade operacional (cerca de 30% em ambos).

Para Hollard, a pesquisa reflete as diferenças no cenário econômico nos principais mercados da região. “Sinto que há duas Américas Latinas. No México, Colômbia e Peru, o momento é muito melhor e as pessoas estão mais abertas para tomar riscos. Na outra parte, que inclui o Brasil, a mensagem é fazer mais com menos.”

Na região como um todo, apesar das perspectivas negativas, 43% das empresas esperam aumentar o quadro de funcionários. No
Brasil, a prioridade são as áreas de operações e vendas. “A tendência é otimizar e buscar pessoas mais baratas, mais jovens e
muitas vezes menos preparadas”, afirma.

Fonte: Valor Econômico