O mercado de planos de saúde perdeu 193,2 mil usuários no acumulado do primeiro semestre deste ano com o aumento na taxa de desemprego. Trata-se da primeira retração do setor na última década, período em que o número de pessoas com convênio médico aumentou 50% e atingiu 50,7 milhões no ano passado impulsionado pela chegada da classe média no mercado formal de trabalho.
A queda nos seis primeiros meses de 2015 veio principalmente do segmento de planos de saúde corporativos que perdeu 130 mil usuários. Os números são Agência Nacional da Saúde Suplementar (ANS) que, além de divulgar os dados do segundo trimestre, revisou os dados de 2014 e do primeiro trimestre.
Apesar de ter sido o pior desempenho do setor de saúde na última década, a queda não é na mesma proporção da taxa de desemprego. Entre janeiro e junho, houve o fechamento de 345 mil postos de trabalho no país, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “A redução não é tão expressiva porque muitas empresas estendem o benefício do plano de saúde por seis meses ou mais para os demitidos e nem todos os trabalhadores têm o convênio médico”, disse Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor-executivo da Abramge, associação das operadoras de planos de saúde.
No primeiro trimestre deste ano, o mercado de planos de saúde registrou faturamento de R$ 33,1 bilhões, o que representa um aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2014. As despesas cresceram em uma proporção maior, de 13,5%, para R$ 27,1 bilhões entre janeiro e março de 2015.
Mesmo com muitas empresas mantendo o benefício do plano de saúde aos demitidos, o setor sente os reflexos da desaceleração econômica. Na Bradesco Saúde, a receita líquida cresceu 24,4%, mas o lucro caiu 20% no acumulado dos seis primeiros meses do ano em relação a um ano antes. “Tivemos perda relevante nos setores de óleo e gás, construção civil e montagem industrial, além disso, cancelamos contratos que não eram rentáveis”, disse Marcio Coriolano, presidente da Bradesco Saúde, observando que a seguradora tem forte atuação em setores afetados pela crise.
O mesmo aconteceu com a OdontoPrev, que tem 80% de sua carteira formada por planos dentais corporativos. No primeiro semestre deste ano, a companhia perdeu 70 mil usuários de planos empresariais.
Fonte: Beth Koike – Valor Online