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As duas maiores empresas de medicina diagnóstica do país – Dasa e Fleury – reduziram seus investimentos neste ano. Juntas, as companhias detém cerca de 25% do mercado, que movimentou R$ 16 bilhões em 2012, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A Dasa informou ontem, em teleconferência com analistas sobre os resultados do terceiro trimestre, que o investimento para expansão, tecnologia e equipamentos médicos de 2013 vai somar R$ 150 milhões, 25% menos do que o projetado inicialmente. “Estamos com um capex mais criterioso. Não vamos atingir os R$ 200 milhões projetados anteriormente”, disse Dickson Tangerino, presidente da Dasa. O executivo não detalhou quais áreas da companhia foram afetadas pela medida.

O Fleury também já havia anunciado, em agosto, uma redução de 17% no orçamento para este ano, que caiu para R$ 200,6 milhões. “Em vista do cenário econômico, com projeções pessimistas do PIB em 2013 e 2014, a empresa decidiu rever os investimentos, dando maior foco em projetos com maior rentabilidade e retorno garantido”, explicou João Patah, diretor de relações com investidores do Fleury em entrevista ao Valor naquele mês. A companhia agora prioriza a bandeira Fleury, cuja rentabilidade é maior. A marca a+, que reúne várias empresas adquiridas pelo grupo, foi a mais afetada, com 14 unidades fechadas entre janeiro e setembro e diminuição de 42% no orçamento.

Após várias aquisições nos últimos anos, tanto Dasa quanto Fleury iniciaram uma forte reestruturação que tem afetado suas margens de lucro.

Do ano passado para cá (até setembro), a Dasa investiu R$ 335 milhões na compra de novos equipamentos de exames, reforma de unidades e plataforma tecnológica. Nesta fase, a companhia enfrentou sérios problemas como a perda de 25% nas ligações para agendamento de exames no call center e a renúncia de executivos de importantes áreas da companhia como financeiro e tecnologia. Mas os primeiros resultados começaram a ser sentidos nos últimos meses.

“O terceiro trimestre foi o melhor dos últimos dois anos. Acredito que o quarto trimestre será melhor, principalmente se comparado a 2012, porque haverá mais dias úteis e devido à migração de clientes do Fleury”, disse Pedro Zabeu, analista da corretora Fator. O Fleury rompeu, em setembro, contrato com a Unimed-Rio, que representava 30% da receita das unidades Labs, localizadas no Rio.

Já o Fleury ainda sente os reflexos da reestruturação que tem como um dos principais desafios concluir a integração com a Labs, rede carioca de laboratórios adquirida em 2010 por quase R$ 1 bilhão. No terceiro trimestre, o lucro líquido do Fleury caiu 30% e a receita cresceu menos do que os custos (ver tabela). “Em contraste com o Fleury, a Dasa conseguiu controlar os custos com pessoal”, destacou relatório do JP Morgan. No período, a Dasa teve uma despesa com pessoal de R$ 125,8 milhões, alta de 9,6%. No Fleury, que conta com uma equipe de 1,7 mil médicos, os custos com pessoal e serviços médicos somou R$ 166,2 milhões, um aumento de 17%.

“As duas companhias atravessam uma reestruturação, mas a do Fleury não está sendo tão traumática quanto foi a da Dasa”, ponderou o analista da Fator.

Fonte: Valor Econômico