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Tradicional no mercado, o curso de formação de conselheiros do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), criado em 1998, vem ganhando concorrentes pouco a pouco. O primeiro foi o Programa de Desenvolvimento de Conselheiros, da Fundação Dom Cabral, que surgiu dez anos depois, e agora é a Saint Paul Escola de Negócios que passa a oferecer um programa focado no desenvolvimento de quem quer atuar em conselhos de administração.

A primeira turma do “Advanced Boardroom Program for Women” (ABP-W) na Saint Paul – que, como o nome já diz, é voltado apenas para o público feminino – acontece no primeiro semestre deste ano. Antes disso, duas edições do curso foram ministradas em outra escola, a BI International.

Anna Guimarães, coordenadora do ABP-W, diz que as potenciais candidatas do programa são executivas que já atuam em cargos de diretoria – o chamado C-Level -, sócias de escritórios de advocacia, sucessoras em empresas familiares, empresárias e conselheiras. “Como é um programa avançado, também é procurado por quem já atua em conselho e quer atualizar seus conhecimentos”, diz.

Com dez aulas em São Paulo, uma por mês, e um módulo internacional na Universidade de Columbia, em Nova York, o ABP-W se divide em quatro módulos. O primeiro trata das competências comportamentais necessárias para atuar como conselheiro. “A competência técnica não basta. É fundamental aprofundar a questão do comportamento”, diz Anna, que menciona como soft skills relevantes visão de futuro, visão sistêmica, capacidade de argumentação e de agir de forma colegiada.

O módulo internacional traz uma análise global da atuação do conselheiro. Depois, as cerca de 30 alunas ainda veem a história e tendências do sistema de governança corporativa e, por fim, gestão de riscos e compliance. “Trata-se de um curso com viés prático e pragmático, que busca preparar as alunas para fazer a diferença em seus conselhos, ajudando a empresa a se perpetuar de forma sustentável”, afirma Anna.

Maria Beatriz Armelin Petroni, diretora jurídica da Coimex, é uma das alunas da primeira turma do ABP-W. Advogada por formação e com mestrado na London School of Economics (LSE), na Inglaterra, Beatriz já participa, como executiva, das reuniões de conselho da Coimex. “Tenho dois objetivos com o curso”, diz. No curto prazo, ela acredita que o programa possa ajudá-la nas atuais reuniões de conselho que frequenta, ampliando seus conhecimentos sobre as melhores práticas em governança e facilitando sua comunicação – como executiva – com os membros do board.

No médio e longo prazo, Beatriz vislumbra atuar como conselheira em outras empresas que não tenham conflito de interesse com a Coimex. “Acho que pode ser uma experiência rica para mim como profissional”, afirma.

O IBGC, que forma conselheiros há quase duas décadas, já viu cerca de 3,2 mil pessoas passarem pelos dois cursos que oferece na área: Curso para Conselheiros de Administração e Avançado para Conselheiros de Administração. Somente no ano passado foram 521 alunos nesses programas.

Rodrigo Trentin, gerente de capacitação do IBGC, explica que o Curso para Conselheiros de Administração forma quem quer atuar em boards. Já o programa avançado é uma atualização para quem quer se manter no mercado. “No curso avançado mudamos o conteúdo todo ano”, diz Trentin. “Procuramos levar para os alunos os temas que estão mais quentes naquele período.”

Para ser aceito no Curso para Conselheiros de Administração do IBGC é preciso estar alinhado com o objetivo do programa. “Querer atuar em conselho é o fator determinante, mais importante do que questões técnicas da formação do aluno”, explica Trentin. Na sala de aula há diretores e presidentes de empresa pensando em transição de carreira e acionistas de empresas familiares.

Já para participar do programa avançado é preciso ter feito anteriormente um programa de formação de conselheiros ou ser especialista em governança.

Quem sai do curso para iniciantes, segundo Trentin, tem o conhecimento necessário para conquistar a certificação para conselheiro de administração, que pode ser obtida por experiência ou prova. Quem tem o certificado pode fazer parte do banco de conselheiros do IBGC, consultado por empresas em busca de novos membros para seus boards. Atualmente existem cerca de 570 nomes no banco de conselheiros.

No segundo semestre deste ano, o IBGC lança mais um programa, desta vez para formar conselheiros que pretendem atuar em empresas de economia mista. Isso porque o curso que já existe é muito focado em companhias de capital privado. “O novo programa é consequência da mobilização nacional pela responsabilidade do conselheiro”, afirma Trentin. “A ideia é que os profissionais entendam bem o papel do conselheiro nesse tipo de empresa para que possam exercer bem a função.”

Fonte: Valor Econômico