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Crase, regência, concordância, interpretação de textos… os assuntos da língua portuguesa estão entre os mais cobrados nas provas de concursos públicos e, de acordo com professores, é também onde os concurseiros mais erram. Atualmente, o Brasil tem mais de oito mil vagas em seleções abertas e é preciso estar com o português bem afiado para concorrer a uma dessas oportunidades.

Professora do curso Ímpar Concursos, Kelle Catiane atua na área há oito anos e afirma que, quando o assunto é gramática, o uso da crase é um dos erros mais recorrentes.  “A crase ainda é movida pela regência e temos uma falha. Como não falamos de maneira adequada, quem fala errado erra também na escrita”, diz Kelle. De acordo com a professora, uma boa dica para os candidatos é adquirir intimidade com os verbos que aplicam a preposição.

“Se você trabalha com a preposição ‘a’ somada ao artigo masculino ‘o’, formando ‘ao’, proporcionalmente diante da forma feminina teremos o elemento ‘a’ com crase obrigatória”, explica. Como exemplo, a professora cita os verbos: proceder (com sentido de realizar); visar (com sentido de almejar); assistir (com sentido de ver ou caber); Agradar (com sentido de satisfazer) e referir-se.

Outro erro bastante comum, de acordo com a professora, é a concordância verbal. Segundo ela, as bancas organizadoras dos concursos costumam alterar a ordem do sujeito nas frases para confundir os estudantes. “Um erro que ainda persiste é o ‘haver’, que quando significa existir só forma a terceira pessoa do singular. A proposição: ‘Devem haver mais propostas’ está errada. O correto é: ‘Deve haver mais propostas’”, explica. Outro verbo de erro muito recorrente é o fazer, que quando indica tempo não pode formar plural. Ex: ‘Já fazem três anos’ (errado) e ‘Já faz três anos’ (certo).

Pontuação
Há 17 anos trabalhando como professora de Língua Portuguesa, Luzana Pedreira, do curso Acerte Concursos, destaca que a pontuação ainda está entre os vilões dos concurseiros. Segundo Luzana, o uso da vírgula incorreta é um dos pontos que podem custar a classificação. Ela afirma que é preciso estudar os casos e entender as aplicações para usar a ‘pausa’  de forma correta.

“Na vírgula, você tem regras básicas. Algumas delas é preciso o domínio da regra, não tem muito a questão do macete. Nem toda vírgula é de respiração. Na pontuação, você vai culminar todos os pontos da língua. Com o estudo de gramática, de análise sintática, você acaba dominando”.

Interpretação
Luzana também destaca a interpretação de texto como um dos assuntos com maior incidência de erros nas provas. Segundo ela, muitos alunos ainda têm dificuldades de compreender o que está lendo. “A maior parte dos erros é  de interpretação. O que se vê é próprio da carência do Brasil. Um grupo de pessoas que estuda e não domina. São pessoas que não sabem ler, compreender o que está lendo e responder”, explica.

Kelle Catiane, do Ímpar, reforça ainda que é preciso dosar o vocabulário durante a prova. “É muito importante que o candidato tenha o estudo do vocabulário, domine a escrita e saiba escrever o significado das palavras. Esse é o primeiro passo da aprovação”, aponta.

Ainda de acordo com as duas professoras, analisar a banca realizadora das provas é uma boa estratégia para conhecer a  formulação das questões. Uma dica é estudar provas antigas.

“O candidato se preocupa com os assuntos previstos por matéria, mas não pesquisa o perfil, a psicologia da banca. Como eu vou dizer a resposta, se eu não sei como é a cobrança da banca. O pior erro é negligenciar a banca, deixar de conhecer os comandos da cobrança”, explica Kelle.

Tira-dúvidas
1. Crase Troque a palavra feminina após o verbo por uma masculina e se for preciso o uso do ‘ao’, coloque a crase. Exemplo: “Assistir ao telejornal” e “assistir à televisão”.

2. Os porquês Existem quatro porquês. Porque: use para explicação. Porquê: se usa como substantivo. Por que: para iniciar  perguntas. Por quê: quando finaliza uma frase, mesmo se interrogativa.

3. Concordância verbal  “Haver” só forma a terceira pessoa do singular. Exemplo: “Deve haver mais problemas”. “Existir” concorda com o verbo: “Existem muitos problemas”. “Fazer” com sentido de tempo só se usa no singular.  “Faz anos que não o vejo”.

4. Vírgula  Nunca separe um sujeito de um verbo. O uso da vírgula é obrigatório, quando a informação é  explicativa. “Ela não gostou do resultado, que foi negativo”.

Fonte: Correio *