Sindhosba

Tudo no mundo pode ser visto de diferentes formas. Como cada um e cada um, pontos de vista, reflexo no espelho, posição política, etc. costumam estar sujeitos a experiências pessoais e isso faz com que não existam duas visões iguais sobre um tema, pessoa, pensamento, coisa ou sentimento.

Os planos de saúde privados não são a exceção. Pelo contrário, ainda que vistos como grandes vilões da história, não fossem eles, todos os brasileiros estariam nas filas do SUS. Só isso seria suficiente para explicar porque os pianos de saúde estão entre os sonhos de consumo da população. Mas há mais para atenuar o viés negativo, pelo menos por parte das autoridades de saúde. Os pianos de saúde privados respondem por algo próximo a 6o% do dinheiro investido em saúde no País. Quer dizer, sem eles, o governo teria de colocar mais do dobro do que coloca atualmente para atender às necessidades mínimas de atendimento à saúde da população.

Toda história tem de ter começo, meio e fim. O começo da expansão extraordinária e do ganho de qualidade profissional dos hospitais de ponta do País passa pelo crescimento dos pianos de saúde privados. Não fossem eles, os melhores hospitais nacionais seriam os melhores hospitais nacionais, mas sem a dimensão e os equipamentos que hoje colocam à disposição da população.

Na área dos profissionais da saúde, durante anos os médicos se queixaram – com relativa razão – da baixa remuneração paga pelos pianos de saúde privados. Hoje um médico plantonista ganha por mês, se quiser trabalhar com vontade, mais do que o vencimento básico de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Isso está ocorrendo parque mais ou menos 50 milhões de usuários de pianos de saúde privados são os responsáveis pelo aumento da demanda por serviços na rede particular, lotando hospitais, laboratórios, clinicas e consultórios, e os obrigou a se adequar às novas necessidades e a contratar plantonistas por valores inimagináveis poucos anos atrás.

Mas não são apenas os plantonistas que estão ganhando mais. Praticamente todos os profissionais de saúde, em função da demanda aquecida e da falta de pessoal qualificado, estão sendo contratados com salários mais elevados do que era o padrão de cada categoria.

Mas se o setor é essa maravilha, por que os planos de saúde são vistos como vilões? Tem de haver um lado ruim como contraponto. Com certeza, nos dias atuais, há até mais de um viés apontado como negativo.

O primeiro é o reajuste para os pianos individuais, autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na casa de 9%, ou seja, bem acima da inflação. É salgado, mas tem uma explicação. Em nenhum lugar do mundo a inflação tem relação com o aumento dos custos com saúde. Uma coisa é aumento do custo de vida, outra é o aumento dos custos na área da medicina. Uma pane da explicação está no aumento da remuneração dos profissionais. Outra na alta dos custos dos equipamentos. Uma terceira nos custos dos novos medicamentos.

Não faz tanto tempo, o máximo que alguém conseguia era uma radiografia de qualidade mediana. Hoje, além de radiografias de alta definição, as tomografias e ressonâncias magnéticas estão à disposição de todos, assim como endoscopias e colonoscopias, por exemplo. O preço do novo patamar de atendimento é alto e precisa ser pago, sob o risco dos hospitais e laboratórios não poderem bancá-lo.

É ai que a cobra morde o rabo: a única forma das operadoras custearem os novos tratamentos é recebendo mensalidades que permitam seu pagamento. E isto para o cidadão brasileiro, é caro. O que não quer dizer que a sociedade não se movimente e encontre alternativas.

Um dado da maior importância porque socialmente é muito positivo, mas que não tem sido divulgado, é que quem está não só viabilizando o setor, mas permitindo seu crescimento, são as pequenas e médias empresas, que em grande número estio contratando planos de saúde privados para seus funcionários.

Antonio Penteado Mendonça é Presidente da Academia Paulista de Letras, Sócio de Penteado Mendonça Advocacia e Comentarista da Rádio Estadão

Fonte: Antonio Penteado Mendonça / O Estado de São Paulo