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A montadora de caminhões Mercedes-Benz deve colocar trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, em “layoff” para dar sobrevida a operários que estão com o emprego ameaçado. Esse é o caso de quase 700 pessoas que estão em licença remunerada desde o dia 12 de maio, quando a empresa suspendeu um dos dois turnos da produção de caminhões.

A solução já foi acertada com o sindicato dos metalúrgicos da região e depende apenas de algumas definições, como o número de funcionários envolvidos, para ser oficializada, possivelmente, ainda nesta semana. Segundo o sindicato local, todos os operários em licença remunerada devem entrar em “layoff”, regime no qual os contratos de trabalho são suspensos por até cinco meses. Mas, como ainda não está fechado, o número pode ainda incluir funcionários de fora desse grupo. Procurada pelo Valor, a Mercedes informou que o assunto ainda está em negociação.

No período em que vigorar o “layoff”, os trabalhadores permanecem afastados da produção, passam por cursos de qualificação e têm parte do salário bancada por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

A mesma solução foi adotada recentemente por Volkswagen, Peugeot Citroën e MAN, principal concorrente da Mercedes no mercado de veículos pesados, para administrar o excesso de mão de obra diante do cenário de queda tanto das vendas domésticas como das exportações para a Argentina.

Na fábrica da Mercedes no ABC, a força de trabalho excedente é estimada em cerca de 2 mil funcionários, o que levou a montadora a também abrir, há dois meses, um programa de demissões voluntárias (PDV). Conforme estimativas do sindicato, cerca de mil trabalhadores já aderiram ao PDV da Mercedes.

Na semana passada, a PSA Peugeot Citroën também abriu programa de demissões voluntárias na fábrica de Porto Real, no Rio de Janeiro. A montadora informa que vai manter a produção da fábrica em dois turnos, após colocar cerca de 650 operários do terceiro turno em layoff no mês de fevereiro.

Segundo informações do sindicato dos metalúrgicos do sul fluminense, região onde a fábrica da montadora francesa está instalada, o plano da empresa era demitir esses trabalhadores, já que o prazo do “layoff” se esgota em julho. Mas, pressionada pelos sindicalistas, a PSA mudou de ideia e decidiu abrir o PDV até a próxima sexta-feira.

A quem aderir ao programa, a empresa oferece compensação financeira equivalente a um salário por ano trabalhado, partindo de um piso de R$ 4 mil. Também será pago o equivalente a R$ 250, multiplicado pelo número de dependentes de cada trabalhador, para que ele contrate um plano de saúde para toda a família.

Além da Peugeot Citroën e da Mercedes, programas de demissão voluntária estão sendo realizados na General Motors (GM), nas unidades de São Caetano do Sul e São José dos Campos, e na fábrica de motores da Ford em Taubaté.

Desde o início do ano, 2,8 mil postos de trabalho foram eliminados na indústria automobilística. As montadoras também têm antecipado férias coletivas e realizado paradas diárias – aproveitando, por exemplo, emendas de feriados – para adequar a produção e reduzir estoques que chegaram a alcançar, em março, volume suficiente para 48 dias de venda – nível mais crítico desde a crise financeira de 2008.

Levantamento da Anfavea, a entidade que representa a indústria nacional de veículos, mostra que a produção das montadoras caiu 12% nos quatro primeiros meses do ano. Números preliminares de maio, indicam que a queda das vendas no acumulado de 2014 já passa de 6%.

Na quinta-feira, a Anfavea divulga seu balanço de produção, vendas e exportação, além da situação dos estoques no fechamento do mês passado. Antes disso, a Fenabrave, entidade das concessionárias de veículos, divulga amanhã o levantamento consolidado das vendas do setor em maio.

Fonte: Valor Econômico