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De olho no potencial de mercado das empresas de menor porte, fornecedores de soluções de segurança de dados estão adaptando produtos, antes voltados para grandes corporações, para clientes mais sensíveis a preço. Há opções que monitoram conversas em softwares de comunicação, como o Skype; sistemas antifraude para lojas virtuais com baixo volume de pedidos, e recursos de proteção para companhias que liberam os funcionários a usar notebooks pessoais no escritório. Para estimular a adoção, os fornecedores oferecem ferramentas com pagamentos mensais a partir de R$ 50.

Na Winco, uma das novidades é o Talk Manager, um sistema de monitoramento em tempo real do Skype, baseado na nuvem. “Faz gravação de conversas de voz, de textos e controle de transmissão de arquivos”, diz o diretor de marketing Mariano Sumrell. “Também permite que as empresas atendam às leis que obrigam a gravação da comunicação entre companhias e clientes”. A assinatura mensal custa a partir de R$ 50, para cinco computadores. A companhia já conquistou clientes entre corretoras de valores, indústrias e call centers. Entre 2011 e 2012, os negócios no setor de PME da Winco aumentaram de 15% a 20%.

Para Sumrell, os preços das soluções continuam estáveis, o que não deve assustar os pequenos empresários. “Os valores dos antivírus, por questões de economia de escala e aumento da concorrência, tiveram uma leve queda, em dólares”, diz. Outros produtos não apresentam redução, mas um aumento nas funções. “Estamos oferecendo mais pelo mesmo preço”. Para facilitar a adoção das soluções, a empresa oferece assinaturas mensais de programas, o que elimina a necessidade de um desembolso inicial elevado.

A ClearSale, da área de gestão antifraude para o e-commerce, lançou uma solução para lojas virtuais com baixo volume de pedidos. O programa mostra informações necessárias para a decisão da venda, como a faixa de risco do pedido e o histórico do comprador. Segundo o diretor comercial Rafael Maia, um dos crimes mais comuns no varejo on-line é quando o fraudador efetua uma compra com um cartão de crédito de terceiros.

“O produto é entregue ao criminoso e, depois da compra, o verdadeiro dono do cartão não a reconhece na fatura, solicita o estorno e a loja arca com o prejuízo”. Maia diz que o software reconhece o comportamento de compra de 85 em cada 100 CPFs ou CNPJs. Em eventuais estornos por fraude, o lojista recebe o reembolso total da venda, para valores de até R$ 2,5 mil. Há planos de adesão a partir de R$ 50. Mais de 200 empresas utilizam o sistema, de segmentos como moda e automotivo.
A Kaspersky Lab deve anunciar em breve uma nova versão do seu pacote de segurança para pequenos negócios, com recursos de proteção para transações bancárias. Este ano, apresentou soluções para blindar estações de trabalho e dispositivos móveis, indicadas para companhias que estimulam os funcionários a trabalhar com notebooks pessoais. “Oferecemos criptografia de dados e controle de acesso à internet”, diz Eljo Aragão, regional sales manager para o Brasil. Há opções, para cinco computadores, a partir de R$ 350 ao ano, e suporte técnico grátis.

De acordo com a empresa de pesquisas IDC, o mercado de criptografia para estações de trabalho vai crescer mais de 50% nos próximos anos, passando de US$ 556 mil em 2012, para US$ 866 mil em 2016, em todo o mundo. “Os cibercriminosos têm as pequenas e médias empresas como alvo porque, normalmente, elas não possuem políticas definidas de proteção ou usam soluções gratuitas que não oferecem segurança completa”, diz Aragão.

A Kaspersky Lab assina um estudo que detalha como uma técnica de ataque – aprimorada no Brasil e exportada para outros países desde 2009 – é usada para roubar contas bancárias e credenciais de acesso de usuários. O recurso, chamado de Proxy Auto-Config (PAC) existe em navegadores da internet e faz com que o acesso a determinadas páginas da web seja direcionado para um servidor controlado por um hacker. A ação leva as vítimas a sites falsos de bancos, empresas de cartão de crédito e serviços de e-mail que “roubam” os dados pessoais dos internautas.

Para Alexandre Vargas, especialista em segurança da informação da Módulo, de soluções para governança, riscos e compliance, as ameaças mais comuns que atingem as PMEs são a contaminação de computadores por vírus e malwares (códigos maliciosos que roubam senhas e informações sigilosas). “Além da paralisação das atividades, as empresas podem sofrer perda de dados, caso não mantenham cópias de arquivos”, diz.

Outras ameaças cada vez mais frequentes são o uso inadequado da internet e do correio eletrônico e o acesso a informações sigilosas por funcionários mal treinados ou que agem de má fé, elevando o risco de perdas financeiras. “O desafio é conciliar um baixo orçamento de informática com a implantação de soluções de proteção, e treinar ou monitorar os colaboradores no uso dos recursos da empresa”, afirma Vargas. Para acompanhar a demanda, cresce também o número de aquisições entre fabricantes que querem complementar portfólios de soluções de segurança. Este mês, a americana F5 Networks, com subsidiária no Brasil, anunciou a compra da israelense Versafe, para proteger clientes contra fraudes on-line. (JS)

Fonte: Valor Econômico