Sindhosba

A crise  política econômica enfrentada pelo país na atualidade não excluiu qualquer segmento da cadeia produtiva e os prestadores da assistência médica, hospitais, clínicas e casas de saúde, vêm sentido agudamente os efeitos da situação atual. Mesmo assim, o setor busca pela construção e manutenção de um sistema de saúde que seja capaz de garantir a qualidade e a excelência no atendimento oferecido à sociedade.

A gestão em saúde é responsável por fazer essa estrutura funcionar nas esferas municipais, estaduais e federal, por meio da administração de serviços e da adoção de práticas que caminhem para a sua melhoria. No entanto, sem recursos financeiros suficientes, trabalhar o setor com excelência é uma missão de difícil execução. O notório subfinanciamento do governo, que já era escasso antes da crise, foi cortado em 15%, agravando ainda mais a situação. Conforme o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2015, as despesas totais com saúde no Brasil foram de 9,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Os gastos privados predominam, respondendo por 52,5%, enquanto o setor público fica com 47,5%.

A saúde suplementar, englobada por planos de saúde, seguradoras, autogestão e cooperativas, vem sendo progressivamente comprimida por novas exigências legais, com reflexos profundos nos recursos disponíveis. Resultado dessa equação se reflete na insatisfação de usuários, prestadores e operadoras. Não é preciso sabedoria para deduzir que o sistema como está não sobrevive. Por outro lado, os prestadores de serviços como hospitais, clínicas e casas de saúde têm feito o possível para se aprimorar e sobreviver  nesse cenário adverso. Houve melhoras significativas na gestão hospitalar, sobretudo com a profissionalização de seus parceiros e funcionários. Há uma busca constante pelo atendimento às regras e normas de qualidade e hoje praticamente todos os hospitais e serviços de maior porte adquiriram algum nível de confiança. O setor aprimorou seu parque tecnológico e suas instalações e passou a investir em recursos humanos. Tudo isso conduz a um aumento dos custos operacionais, não compensado pelos órgãos pagadores.

De acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o setor hospitalar continua com saldo positivo na movimentação de seus colaboradores. Dentro das determinações  a que são submetidos os prestadores de saúde, em todas as instâncias, estão as exigências da Vigilância Sanitária, que, se por um lado trazem maior segurança e tranquilidade para os pacientes, por outro, geram custos adicionais, não remunerados.

Com todas essas dificuldades, os hospitais se veem com novos (velhos) desafios representados por epidemias que assolam o país, gerando grandes demandas da população. Os pronto-atendimentos, programados para um movimento médio regular, chegam a receber 50% a mais nesses períodos. A história atual que estamos vivenciando com a dengue é um exemplo claro. Como todas as dificuldades, os hospitais se desdobram naquilo que podem e acolhem todas as demandas, sem distinção.

Diante dos desafios, onde julgamos que podemos encontrar soluções para nossas demandas? No aumento dos financiamentos, na manutenção dos programas de melhoria dos recursos humanos, no incentivo a uma maior profissionalização das gestões, no avanço dos programas de tecnologia da informação (TI) , indispensável para uma gestão eficaz,  e na atualização contínua do parque tecnológico.

O Brasil tem algumas ilhas de excelência disponibilizadas para a população, localizadas em áreas onde as dificuldades apontadas foram superadas. Nossa responsabilidade é multiplicar essas alternativas em todo o território nacional. Julgamos estar passando a hora de,  juntos – sociedade, autoridades e prestadores –, discutirem que qualidade de medicina privada queremos e como fazer para financiá-la.

Fonte: Revista Encontro