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Presidente da UBM Brazil, e novo diretor geral da Hospitalar, o francês Jean-François Quentin garante que irá manter o DNA do evento. Fundadora da Feira, Waleska Santos continua como presidente do evento, mas com funções supletivas

Em junho passado, a feira Hospitalar foi comprada pela UBM Brazil, braço do grupo britânico UBM, especializado em eventos de negócios. Em 2016, a Hospitalar vai explorar quatro novos segmentos – delivery de medicamentos, embalagens, tratamento de feridas e dor crônica – e terá um horário diferente, das 12h às 20h. O Passe Vip, que permite marcar reuniões exclusivas com expositores das 10h às 12h, será ampliado. Outra mudança foi a descontinuidade da feira Reabilitação Feira + Fórum, como evento independente.Pouco rentável, o fórum voltou a ser incorporado ao calendário da Hospitalar.“Queremos melhorar o networking qualificado durante o evento”, disse à Diagnóstico o novo presidente da UBM Brazil e diretor geral da Hospitalar, o francês Jean-François Quentin. Ele assumiu a presidência em julho, sucedendo ao holandês Joris Van Wijk – até então o homem forte da UBM no Brasil. Fundadora da Feira, a médica Waleska Santos continua como presidente do evento, mas com funções supletivas. Sobre a crise enfrentada pelo país, Quentin diz acreditar na recuperação da economia brasileira e crava até um número. “Nossa expectativa é que o PIB da saúde cresça 8% no triênio 2015-2018”, aposta Quentin, que concedeu a seguinte entrevista por e-mail à Diagnóstico.

Revista Diagnóstico – O que motivou a UBM a investir na Hospitalar em um momento adverso da economia basileira?

Jean-François Quentin – A feira é um grande sucesso e está muito bem posicionada. Já estávamos conversando havia alguns anos com o Grupo São Paulo Feiras Comerciais, e esse pareceu, a ambos, o melhor momento, para fazer a negociação. A aquisição da Hospitalar nos possibilita ampliar os eventos nas áreas de produtos e componentes médicos, setores nos quais temos muita expertise. Além disso, a UBM Life Sciences tem muitas conferências e comunidades online com excelente conteúdo nas áreas médica, veterinária, odontológica e farmacêutica. Acreditamos que podemos capitalizar sobre a marca Hospitalar na América Latina em longo prazo, por meio de diferentes iniciativas estratégicas que iremos desenvolver.

Diagnóstico – Qual foi o valor do negócio?

Quentin – Acredito que foi um valor adequado para o tipo de transação, a qualidade do ativo e o valor da marca que a Hospitalar representa no mercado de saúde. O importante é que se trata de um investimento de longo prazo.

Diagnóstico – Quanto a UBM espera ganhar, em termos percentuais, apenas com a sinergia das operações?

Quentin – Sempre que há uma fusão ou aquisição, é claro que há sinergias em processos e negociações com fornecedores que podem ser melhoradas pelo ganho de escala. Esperamos, assim como em outras aquisições no mercado, poder ter esses ganhos. Contudo, nossa visão é sempre de longo prazo, porque compramos um evento de 22 anos e queremos que ele ocorra por muitos outros. Ao integrar a Hospitalar ao nosso portfólio, podemos gerar uma economia de escala que nos permitirá investir mais no desenvolvimento da feira.

Analistas ouvidos pela Diagnóstico afirmaram que, apesar do status de evento global, a Hospitalar vinha perdendo rentabilidade ao longo dos anos. Que impacto isso terá no redesenho da Feira.

Quentin – Preferimos não respoder.

Diagnóstico – O que muda na Hospitalar com a entrada da UBM?

Quentin – Queremos manter o DNA da Hospitalar, com o excelente relacionamento de mercado construído durante anos pelo time que desenvolve o evento. Como a UBM é uma empresa global, seu grande benefício é possibilitar o intercâmbio de conhecimento, de relacionamentos e de negócios por meio do nosso portfólio de produtos, e de modo internacional. Além disso, queremos trazer para a Hospitalar mais conteúdo e fornecer à comunidade da feira oportunidades em outros mercados, como os Estados Unidos.

Diagnóstico – Há planos para realizar a feira em outros países?

Quentin – Quanto a ir para outros continentes, depende do que vamos planejar de crescimento para os próximos anos. Como uma empresa global, estudamos os diversos mercados e sempre nos preocupamos em lançar os eventos em mercados onde eles tenham aderência.

Diagnóstico – Para a UBM, qual é o potencial de crescimento do mercado de saúde brasileiro?

Quentin – Nossa expectativa é a de que o mercado de saúde brasileiro tenha uma taxa anual composta de crescimento de 8% no período de 2015 a 2018.

Diagnóstico – O setor de saúde brasileiro está interessante para fundos estrangeiros?

Quentin – Hoje, o mercado de saúde no Brasil representa 9,4% do PIB [Produto Interno Bruto]. Com o envelhecimento da população e sua longevidade, esse passa a ser um setor bastante atrativo. Além disso, especialidades como oftalmologia e odontologia são bastante reconhecidas internacionalmente, o que faz com que os investidores olhem para o Brasil.

Diagnóstico – A Hospitalar sempre teve uma relação muito próxima com a Medica. Eles chegaram a disputar a compra com vocês?

Quentin – Não sei se a Messe Düsseldorf tem intenções de investir no Brasil porque eles não estão aqui. A relação com a Medica é de parceria, e a escolha pela UBM está alinhada com nossa estratégia de crescimento nas áreas médica, veterinária, odontológica e farmacêutica, onde temos grandes eventos mundiais e congressos. É muito importante estar inserido no mercado antes de tentar estabelecer operações no Brasil, mesmo que a Hospitalar tivesse uma compatibilidade natural com a Medica. A UBM manterá o mesmo nível de relação e comprometimento com a Medica no futuro.

Diagnóstico – A UBM criou, em março, outro grupo de produtos, o UBM Life Sciences. Onde a Hospitalar se encaixa nessa estratégia?

Quentin – A UBM Life Sciences é uma das unidades de negócios da UBM com foco nas áreas médica, veterinária, odontológica e farmacêutica. A aquisição da Hospitalar, o maior evento das Américas para o segmento da saúde, encaixa-se perfeitamente em nossa estratégia de expansão nesses setores no Brasil e na América Latina.

Fonte: DIAGNÓSTICO WEB